Tuesday, June 05, 2007

O Tigre da Tasmânia


Mammalia
Ordem Marsupialia
Família Thylacinidae

Esta família, tinha uma única espécie, o tigre-da-Tasmânia que está considerado extinto.
Acusados pelos fazendeiros e criadores de ovelhas da Tasmânia de atacarem as ovelhas, foram caçados, por ordem governamental, até á extinção.
A ironia da situação resulta do facto de este carnívoro marsupial não ser o responsável pela morte das ovelhas, mas ter sido apenas vítima da sua semelhança com os lobos placentários.
Recentemente, foi noticiada uma experiência científica que, a partir de ADN obtido de um cadáver conservado em museu, visa conseguir a recuperação da espécie. Será possível?

Lobo-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus)






Thursday, March 08, 2007

O referendo sobre o Aborto

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»

Resultados oficiais do referendo de 11 de Fevereiro publicados em DR.

O mapa oficial dos resultados do referendo sobre a despe nalização do aborto de 11 de Fevereiro, que deram a vitória ao «sim».

No referendo, o «sim» obteve 59,25% dos votos e o «não» 40,75%, para uma abstenção de 56,43%, o que tornou a consulta não vinculativa.

Eleitores: 8.814.016

Votantes: 3.840.176

Sim: 2.231.529 (59,25%)

Não: 1.534.669 (40,75%)

Votos brancos. 48.094 (1,25%)

Votos nulos: 25.884 (0,67%)

Fonte: Comissão Nacional de Eleições (CNE)

Escrevo sobre este assunto passado quase um mês e no Dia Internacional da Mulher.
De forma alguma regozijo com o resultado - e isto sem qualquer conexão partidária.
É verdade que do lado do "Sim" ouvi alguns argumentos razoáveis, nomeadamente de Maria de Belém que focou o facto de o aconselhamento se tornar mais acessível - no qual não tenho muitas esperanças.

Quanto a mim este resultado representa algo de muito mal que vai decorrendo na nossa sociedade.

Entre eles a considerar:

A dessacralização da vida humana. Se há algo que nos foi trazido pelo cristianismo, mesmo que a par de julgamentos de "bruxas", é o conceito que toda a vida humana é sagrada - todos somos criaturas de Deus. Não entendo como se pode considerar que o feto não é um ser humano. Além de que neste caso não se pode falar de impor a sua própria moral aos outros, tal como em assuntos referentes: a homossexualidade, valor da união de facto, imposição de símbolos religiosos, sexo pré matrimonial e muitos outros. Estamos a falar de um ser humano absolutamente indefeso.

Um sociedade onde todos se lembram dos direitos mas não dos deveres. A Mãe tem o direito de não estar grávida, mas se a Mãe não foi obrigada (e como tal estou a excluir o caso de violação) e acabou por gerar a criança não tem um dever para com ela?

Um Estado que se coibe de tomar posições de força (ou mesmo autoritárias) para defender os mais fracos - prefere mesmo ignorar os seres mais indefesos para evitar "abusos de autoridade" na sua protecção.

"interrupção voluntária da gravidez" -não é uma expressão envergonhada?

Thursday, December 14, 2006

Troçar de quem nos protege


No correio da manhã em 14-12-2006:
Os 640 estagiários da GNR, colocados em postos de norte a sul do País, batem o dente de frio porque não têm a farda completa. Terminaram o curso de formação de praças, em Novembro, no Agrupamento de Instrução de Portalegre da GNR, chegaram em Dezembro aos postos onde foram colocados para prestar serviço sem blusões de Inverno. O Comando Geral da Guarda justifica o caso com uma ruptura do ‘stock’.
Então, aquela pujança toda por parte do Comando Geral para acabar com as manifestações?

Wednesday, December 13, 2006

Taizé

Tudo começou em 1940, quando o irmão Roger, com 25 anos de idade, deixou o seu país de origem, a Suíça, para ir viver em França, país de sua mãe. Quando era mais novo, tinha estado imobilizado durante vários anos devido a uma tuberculose pulmonar. Durante esta longa doença, tinha amadurecido em si o chamamento para criar uma comunidade onde a simplicidade e a bondade do coração seriam vividas como realidades essenciais do Evangelho.

No momento em que começou a Segunda Guerra mundial, tal como a sua avó tinha feito durante a Primeira Guerra mundial, entendeu que deveria vir imediatamente em ajuda daqueles que atravessavam a dura provação da guerra. A pequena aldeia de Taizé, onde se fixou, ficava muito próxima da linha de demarcação que cortava a França em duas partes: estava bem situado para acolher refugiados fugidos da guerra. Amigos de Lyon ficaram reconhecidos por poderem indicar a aldeia de Taizé aos que tinham necessidade de refúgio.

Em Taizé, por um módico preço, o irmão Roger tinha comprado uma casa, abandonada desde à muitos anos, com as suas dependências. Pediu a uma das suas irmãs, Geneviève, para vir ajudar no acolhimento. Entre os refugiados a quem deram abrigo, havia também judeus. Os meios materiais eram pobres. Sem água corrente, iam buscar água potável ao poço da aldeia. A comida era modesta, em particular as sopas feitas com farinha de trigo comprada num moinho vizinho a baixo preço.

Por respeito para com aqueles que acolhiam, o irmão Roger rezava sozinho. Frequentemente ia cantar para longe de casa, no bosque. Para que alguns dos refugiados, judeus ou agnósticos, não ficassem constrangidos, Geneviève explicava a todos que era melhor que, quem quisesse, rezasse sozinho no seu quarto.

Os pais do irmão Roger, sabendo que o seu filho e a irmã se estavam a expor, pediram a um amigo da família, um oficial francês reformado, para olhar por eles, o que ele fez com diligência.

No Outono de 1942, ele avisou-os de que tinham sido descobertos e de que todos deveriam partir sem demora. O irmão Roger pôde voltar em 1944: nessa altura, não voltou sozinho; alguns irmão tinha-se entretanto reunido a ele e, em conjunto, tinham começado uma vida comum que continuou assim em Taizé.

Em 1945, um jovem da região fundou uma associação para cuidar das crianças que a guerra tinha deixado sem família. Propôs aos irmãos acolherem alguns em Taizé. Uma comunidade de homens não podia receber crianças. Então o irmão Roger pediu a sua irmã Geneviève para voltar a Taizé para se ocupar delas e tornar-se sua mãe. Aos domingos, os irmãos acolhiam também os prisioneiros de guerra alemães, internados num campo próximo de Taizé.
Aos poucos, alguns jovens vieram juntar-se aos primeiros irmãos, e, no dia de Páscoa de 1949, comprometeram-se em conjunto numa vida de celibato, comunitária, de uma grande simplicidade, para toda a vida.

Hoje, a comunidade de Taizé reúne uma centena de irmãos, católicos e de diversas origens evangélicas, vindos de mais de vinco cinco países. Através da sua própria existência, a comunidade procura ser um sinal concreto de reconciliação entre os cristãos divididos e os povos separados.

Wednesday, November 29, 2006

Buenos Aires

Buenos Aires foi a primeira grande metrópole sul-americana, tendo ultrapassado já em 1940 a cifra de dois milhões e meio de habitantes (contra 1.800.000 do Rio de Janeiro e 1.326.000 de São Paulo, na mesma época), facto mais notável se levarmos em conta que a população argentina situou-se, no século XX, em algo como a de um quinto da do Brasil. Além disso, no século XIX (até a grande imigração do último quartel) a Argentina era um dos países menos povoados da América do Sul e o menos denso do ponto de vista populacional (o que continua sendo até hoje): no período da sua independência, a população mal atingia um milhão de habitantes; o Alto Peru (a atual Bolívia) possuía então 4 milhões.

As razões de seu espetacular crescimento já foram e continuam sendo estudadas pela história econômica: o valor das terras da pampa húmida em função da produção agropecuária para o mercado mundial. A década de 1880 combina os elementos do processo: econômica e militarmente, conclui a Campanha do Deserto, ou seja, a ocupação do atual território argentino; socialmente, é a eclosão da grande imigração; politicamente, Buenos Aires transforma-se na capital da República. A geração de 80 é considerada, até hoje, a única portadora de um projeto nacional e a efectiva forjadora da nacionalidade argentina.

A CIDADE CAPITAL
A capitalização de Buenos Aires é vista como sinónimo da transformação da Argentina em país e do seu ingresso no concerto da história universal.

O ritmo da história tem sido aquele da ascensão, colapso e ocasional renascer das cidades. Até recentemente as populações urbanas estiveram sujeitas às doenças e às mudanças no comércio e na tecnologia. Os reveses políticos favoreceram algumas cidades e penalizaram outras. O ritmo foi interrompido no mundo em desenvolvimento deste século, onde as populações urbanas estão quase sempre em crescimento. Iludido pelo brilho ofuscante das luzes, ou expulso do campo pelos problemas políticos, econômicos, pressões populacionais e crises ecológicas, milhares de milhões e seres humanos migraram às cidades.

Buenos Aires foi fundada pela primeira vez em 1536, pelo adelantado Pedro de Mendoza, e pela segunda e definitiva vez em 1580, por Juan de Garay; isto é, a sua origem é um século e meio anterior à de São Paulo (fundada legalmente em 1711). Seu processo de explosão urbana é também anterior, mas menos distante no tempo.

Desde a sua origem colonial (como vice-reinado do Rio da Prata) e, segundo alguns, até o presente, a Argentina nunca perdeu, nos seus quatro séculos, sua característica de país agroexportador. No entanto - este é o grande paradoxo - ela foi sempre uma sociedade urbanizada.

A Argentina moderna, no entanto, aquela que resultou da ocupação do seu território atual, é um produto do século XIX, em especial do processo de imigração européia, que levou ao país milhões de trabalhadores europeus - 160.000 estrangeiros lá aportaram entre 1861 e 1870, e o número de imigrantes chegou a 841.000 de 1881 a 1890, e a 1.764.000 de 1901 a 1910. No total, de 1857 a 1930, o deserto argentino recebeu 6.330.000 imigrantes, o que, levando-se em conta o retorno dos trabalhadores sazonais (ou golondrinas), deixa um saldo de 3.385.000 imigrantes. A Argentina contava, logo no seu primeiro recenseamento em 1869, com 1.737.000 habitantes. Isso demonstra o peso da imigração na formação da Argentina moderna, através de uma transfusão de população que foi, em termos relativos, a mais intensa do Novo Mundo (incluindo os Estados Unidos).

Desde o início, a urbanização esteve marcada pela sua extrema concentração em Buenos Aires, que absorveu (e isso também é válido atualmente) um terço da sua população total (hoje pouco superior a 30 milhões de habitantes) em 40 municípios que cobrem uma área de cerca de 30 mil km2. Tanto por razões demográficas quanto por económicas, a questão da posição política de Buenos Aires dominou todo o período da chamada formação da nacionalidade, e foi o problema que esteve por trás de mais de meio século de guerras civis argentinas, ao longo do século XIX. Proclamada a Confederação Argentina em 1852 (a independência argentina ocorreu em 1810), ainda seria necessária uma década para superar a cisão política Buenos Aires-interior:

Logo depois da derrota de Buenos Aires na batalha de Cepeda em 1859, iniciou-se o processo que levaria à definitiva constituição do Estado nacional. O Pacto de San José de Flores, em novembro desse ano, significou o primeiro passo dado ao longo de um caminho que terminaria em 1880 com a federalização da cidade de Buenos Aires. As rendas da aduana portenha deixaram então de pertencer ao Estado provincial e passaram a engrossar os fundos nacionais.

A questão da capital definiu-se em 1880. Esse foi um período de acelerada expansão econômica na Argentina. O volume de investimento de capitais ultrapassou nesses anos o de todos os anos anteriores, especialmente quanto aos capitais britânicos. Os investimentos do Império Britânico em empresas de ações da Argentina, que antes da presidência de Roca chegavam à soma de 25 milhões de libras, aumentaram, em 1885, para 45 milhões, e em 1890 atingiam 150 milhões. Cabe destacar que em 1889 a Argentina absorveu entre 40 e 50% de todos os investimentos externos britânicos.

Wednesday, November 22, 2006

Auto da Índia

À Farsa chamada "Auto da Índia". Foi fundada sobre que üa mulher, estando já embarcado pera a Índia seu marido, lhe vieram dizer que estava desaviado e que já não ia; e ela, de pesar, está chorando e fala-lhe üa sua criada. Era de 1509 anos.

Entram nela estas figuras:
Ama, Moça, Castelhano, Lemos, Marido.

MOÇA Jesu! Jesu! que é ora isso?
É porque se parte a armada?

AMA Olhade a mal estreada!
Eu hei-de chorar por isso?

MOÇA Por minh' alma que cuidei
e que sempre imaginei,
que choráveis por noss' amo.

AMA Por qual demo ou por qual gamo,
ali, má hora, chorarei?
Como me leixa saudosa!
Toda eu fico amargurada!

MOÇA Pois por que estais anojada?
Dizei-mo, por vida vossa.

AMA Leixa-m', ora, eramá,
que dizem que não vai já.

MOÇA Quem diz esse desconcerto?

AMA Dixeram-mo por mui certo
que é certo que fica cá.
O Concelos me faz isto.

MOÇA S'eles já estão em Restelo,
como pode vir a pêlo?
Melhor veja cu Jesu Cristo,
isso é quem porcos há menos.

AMA Certo é que bem pequenos
são meus desejos que fique.

MOÇA A armada está muito a pique.

AMA Arreceio al de menos.
Andei na má hora e nela
a amassar e biscoutar,
pera o o demo levar
à sua negra canela,
e agora dizem que não.
Agasta-se-m'o coração,
que quero sair de mim.

MOÇA Eu irei saber s'é assim.

AMA Hajas a minha benção.

Continua numa próxima

Tuesday, November 21, 2006

Gil Vicente



Fala do Lavrador:

Sempre é morto quem do arado há-de viver. Nós somos vida das gentes e morte de nossas vidas;a tiranos, pacientes, que a unhas e a dentes nos tem as almas roídas. Para que é parouvelar? Que queira ser pecadoro lavrador; não tem tempo nem lugar nem somente d'alimparas gotas do seu suor.

Auto da Barca do Purgatório