Thursday, December 14, 2006

Troçar de quem nos protege


No correio da manhã em 14-12-2006:
Os 640 estagiários da GNR, colocados em postos de norte a sul do País, batem o dente de frio porque não têm a farda completa. Terminaram o curso de formação de praças, em Novembro, no Agrupamento de Instrução de Portalegre da GNR, chegaram em Dezembro aos postos onde foram colocados para prestar serviço sem blusões de Inverno. O Comando Geral da Guarda justifica o caso com uma ruptura do ‘stock’.
Então, aquela pujança toda por parte do Comando Geral para acabar com as manifestações?

Wednesday, December 13, 2006

Taizé

Tudo começou em 1940, quando o irmão Roger, com 25 anos de idade, deixou o seu país de origem, a Suíça, para ir viver em França, país de sua mãe. Quando era mais novo, tinha estado imobilizado durante vários anos devido a uma tuberculose pulmonar. Durante esta longa doença, tinha amadurecido em si o chamamento para criar uma comunidade onde a simplicidade e a bondade do coração seriam vividas como realidades essenciais do Evangelho.

No momento em que começou a Segunda Guerra mundial, tal como a sua avó tinha feito durante a Primeira Guerra mundial, entendeu que deveria vir imediatamente em ajuda daqueles que atravessavam a dura provação da guerra. A pequena aldeia de Taizé, onde se fixou, ficava muito próxima da linha de demarcação que cortava a França em duas partes: estava bem situado para acolher refugiados fugidos da guerra. Amigos de Lyon ficaram reconhecidos por poderem indicar a aldeia de Taizé aos que tinham necessidade de refúgio.

Em Taizé, por um módico preço, o irmão Roger tinha comprado uma casa, abandonada desde à muitos anos, com as suas dependências. Pediu a uma das suas irmãs, Geneviève, para vir ajudar no acolhimento. Entre os refugiados a quem deram abrigo, havia também judeus. Os meios materiais eram pobres. Sem água corrente, iam buscar água potável ao poço da aldeia. A comida era modesta, em particular as sopas feitas com farinha de trigo comprada num moinho vizinho a baixo preço.

Por respeito para com aqueles que acolhiam, o irmão Roger rezava sozinho. Frequentemente ia cantar para longe de casa, no bosque. Para que alguns dos refugiados, judeus ou agnósticos, não ficassem constrangidos, Geneviève explicava a todos que era melhor que, quem quisesse, rezasse sozinho no seu quarto.

Os pais do irmão Roger, sabendo que o seu filho e a irmã se estavam a expor, pediram a um amigo da família, um oficial francês reformado, para olhar por eles, o que ele fez com diligência.

No Outono de 1942, ele avisou-os de que tinham sido descobertos e de que todos deveriam partir sem demora. O irmão Roger pôde voltar em 1944: nessa altura, não voltou sozinho; alguns irmão tinha-se entretanto reunido a ele e, em conjunto, tinham começado uma vida comum que continuou assim em Taizé.

Em 1945, um jovem da região fundou uma associação para cuidar das crianças que a guerra tinha deixado sem família. Propôs aos irmãos acolherem alguns em Taizé. Uma comunidade de homens não podia receber crianças. Então o irmão Roger pediu a sua irmã Geneviève para voltar a Taizé para se ocupar delas e tornar-se sua mãe. Aos domingos, os irmãos acolhiam também os prisioneiros de guerra alemães, internados num campo próximo de Taizé.
Aos poucos, alguns jovens vieram juntar-se aos primeiros irmãos, e, no dia de Páscoa de 1949, comprometeram-se em conjunto numa vida de celibato, comunitária, de uma grande simplicidade, para toda a vida.

Hoje, a comunidade de Taizé reúne uma centena de irmãos, católicos e de diversas origens evangélicas, vindos de mais de vinco cinco países. Através da sua própria existência, a comunidade procura ser um sinal concreto de reconciliação entre os cristãos divididos e os povos separados.

Wednesday, November 29, 2006

Buenos Aires

Buenos Aires foi a primeira grande metrópole sul-americana, tendo ultrapassado já em 1940 a cifra de dois milhões e meio de habitantes (contra 1.800.000 do Rio de Janeiro e 1.326.000 de São Paulo, na mesma época), facto mais notável se levarmos em conta que a população argentina situou-se, no século XX, em algo como a de um quinto da do Brasil. Além disso, no século XIX (até a grande imigração do último quartel) a Argentina era um dos países menos povoados da América do Sul e o menos denso do ponto de vista populacional (o que continua sendo até hoje): no período da sua independência, a população mal atingia um milhão de habitantes; o Alto Peru (a atual Bolívia) possuía então 4 milhões.

As razões de seu espetacular crescimento já foram e continuam sendo estudadas pela história econômica: o valor das terras da pampa húmida em função da produção agropecuária para o mercado mundial. A década de 1880 combina os elementos do processo: econômica e militarmente, conclui a Campanha do Deserto, ou seja, a ocupação do atual território argentino; socialmente, é a eclosão da grande imigração; politicamente, Buenos Aires transforma-se na capital da República. A geração de 80 é considerada, até hoje, a única portadora de um projeto nacional e a efectiva forjadora da nacionalidade argentina.

A CIDADE CAPITAL
A capitalização de Buenos Aires é vista como sinónimo da transformação da Argentina em país e do seu ingresso no concerto da história universal.

O ritmo da história tem sido aquele da ascensão, colapso e ocasional renascer das cidades. Até recentemente as populações urbanas estiveram sujeitas às doenças e às mudanças no comércio e na tecnologia. Os reveses políticos favoreceram algumas cidades e penalizaram outras. O ritmo foi interrompido no mundo em desenvolvimento deste século, onde as populações urbanas estão quase sempre em crescimento. Iludido pelo brilho ofuscante das luzes, ou expulso do campo pelos problemas políticos, econômicos, pressões populacionais e crises ecológicas, milhares de milhões e seres humanos migraram às cidades.

Buenos Aires foi fundada pela primeira vez em 1536, pelo adelantado Pedro de Mendoza, e pela segunda e definitiva vez em 1580, por Juan de Garay; isto é, a sua origem é um século e meio anterior à de São Paulo (fundada legalmente em 1711). Seu processo de explosão urbana é também anterior, mas menos distante no tempo.

Desde a sua origem colonial (como vice-reinado do Rio da Prata) e, segundo alguns, até o presente, a Argentina nunca perdeu, nos seus quatro séculos, sua característica de país agroexportador. No entanto - este é o grande paradoxo - ela foi sempre uma sociedade urbanizada.

A Argentina moderna, no entanto, aquela que resultou da ocupação do seu território atual, é um produto do século XIX, em especial do processo de imigração européia, que levou ao país milhões de trabalhadores europeus - 160.000 estrangeiros lá aportaram entre 1861 e 1870, e o número de imigrantes chegou a 841.000 de 1881 a 1890, e a 1.764.000 de 1901 a 1910. No total, de 1857 a 1930, o deserto argentino recebeu 6.330.000 imigrantes, o que, levando-se em conta o retorno dos trabalhadores sazonais (ou golondrinas), deixa um saldo de 3.385.000 imigrantes. A Argentina contava, logo no seu primeiro recenseamento em 1869, com 1.737.000 habitantes. Isso demonstra o peso da imigração na formação da Argentina moderna, através de uma transfusão de população que foi, em termos relativos, a mais intensa do Novo Mundo (incluindo os Estados Unidos).

Desde o início, a urbanização esteve marcada pela sua extrema concentração em Buenos Aires, que absorveu (e isso também é válido atualmente) um terço da sua população total (hoje pouco superior a 30 milhões de habitantes) em 40 municípios que cobrem uma área de cerca de 30 mil km2. Tanto por razões demográficas quanto por económicas, a questão da posição política de Buenos Aires dominou todo o período da chamada formação da nacionalidade, e foi o problema que esteve por trás de mais de meio século de guerras civis argentinas, ao longo do século XIX. Proclamada a Confederação Argentina em 1852 (a independência argentina ocorreu em 1810), ainda seria necessária uma década para superar a cisão política Buenos Aires-interior:

Logo depois da derrota de Buenos Aires na batalha de Cepeda em 1859, iniciou-se o processo que levaria à definitiva constituição do Estado nacional. O Pacto de San José de Flores, em novembro desse ano, significou o primeiro passo dado ao longo de um caminho que terminaria em 1880 com a federalização da cidade de Buenos Aires. As rendas da aduana portenha deixaram então de pertencer ao Estado provincial e passaram a engrossar os fundos nacionais.

A questão da capital definiu-se em 1880. Esse foi um período de acelerada expansão econômica na Argentina. O volume de investimento de capitais ultrapassou nesses anos o de todos os anos anteriores, especialmente quanto aos capitais britânicos. Os investimentos do Império Britânico em empresas de ações da Argentina, que antes da presidência de Roca chegavam à soma de 25 milhões de libras, aumentaram, em 1885, para 45 milhões, e em 1890 atingiam 150 milhões. Cabe destacar que em 1889 a Argentina absorveu entre 40 e 50% de todos os investimentos externos britânicos.

Wednesday, November 22, 2006

Auto da Índia

À Farsa chamada "Auto da Índia". Foi fundada sobre que üa mulher, estando já embarcado pera a Índia seu marido, lhe vieram dizer que estava desaviado e que já não ia; e ela, de pesar, está chorando e fala-lhe üa sua criada. Era de 1509 anos.

Entram nela estas figuras:
Ama, Moça, Castelhano, Lemos, Marido.

MOÇA Jesu! Jesu! que é ora isso?
É porque se parte a armada?

AMA Olhade a mal estreada!
Eu hei-de chorar por isso?

MOÇA Por minh' alma que cuidei
e que sempre imaginei,
que choráveis por noss' amo.

AMA Por qual demo ou por qual gamo,
ali, má hora, chorarei?
Como me leixa saudosa!
Toda eu fico amargurada!

MOÇA Pois por que estais anojada?
Dizei-mo, por vida vossa.

AMA Leixa-m', ora, eramá,
que dizem que não vai já.

MOÇA Quem diz esse desconcerto?

AMA Dixeram-mo por mui certo
que é certo que fica cá.
O Concelos me faz isto.

MOÇA S'eles já estão em Restelo,
como pode vir a pêlo?
Melhor veja cu Jesu Cristo,
isso é quem porcos há menos.

AMA Certo é que bem pequenos
são meus desejos que fique.

MOÇA A armada está muito a pique.

AMA Arreceio al de menos.
Andei na má hora e nela
a amassar e biscoutar,
pera o o demo levar
à sua negra canela,
e agora dizem que não.
Agasta-se-m'o coração,
que quero sair de mim.

MOÇA Eu irei saber s'é assim.

AMA Hajas a minha benção.

Continua numa próxima

Tuesday, November 21, 2006

Gil Vicente



Fala do Lavrador:

Sempre é morto quem do arado há-de viver. Nós somos vida das gentes e morte de nossas vidas;a tiranos, pacientes, que a unhas e a dentes nos tem as almas roídas. Para que é parouvelar? Que queira ser pecadoro lavrador; não tem tempo nem lugar nem somente d'alimparas gotas do seu suor.

Auto da Barca do Purgatório

Thursday, November 16, 2006

Prognósticos só no fim




Prognósticos só no fim!

Esta frase simples demonstra uma imensa sabedoria.
Aliás, é dificil resumir em pouco o que é complexo e complicado. O contrário é que já não é verdade.
Muito pensamos que a autoria desta frase é de um ex-jogador de futebol da nossa Lustânia. Infelizmente houve alguém que se antecipou ao nosso João Pinto. Esse algém por acaso até veio a receber o pémio Nobel da Literatura.
Chama-se Winston Churchill.
Pois é, a mesma coisa dito por duas pessoas diferentes, mesmo que o intuito seja semelhante, tem uma valor muito diferentes, não é? A propósito, os dois bonecos têm o mesmo tamanho. Apenas estão a ser vistos em dois lugares diferentes.

Tuesday, November 14, 2006

O primeiro encontro do Japão com o mundo ocidental


O primeiro encontro do Japão com o mundo ocidental

As relações mútuas de intercâmbio entre os dois países, que iriam durar mais de 460 anos, começaram no momento em que os portugueses chegaram à Ilha de Tanegashima em 1543. Isto marcou o primeiro encontro histórico do Japão com o mundo ocidental, embora o Japão já tivesse uma longa história de contactos com os países asiáticos tais como a China e a Coreia.

Comércio “Nan-ban” (ou “Nan-ban Bo-eki”) ─ intercâmbio comercial entre Portugal e o Japão ─
As actividades comerciais entre os dois povos designavam-se, no Japão, “Nan-ban Bo-eki”, pois os portugueses, tal como os espanhóis, na altura eram chamados “Nan-ban Jin” (bárbaros do sul) pelos japoneses. Nesse comércio, os portugueses traziam espingardas, pólvora, seda crua da China para o Japão este exportava prata, ouro e sabres para Portugal.

As espingardas trazidas pelos portugueses espalharam-se rapidamente como arma de ponta entre os senhores feudais do Japão. O surgimento da infantaria equipada de espingardas surtiu uma mudança drástica na táctica de guerra no Japão, que até a essa altura dava maior importância à cavalaria tradicional, introduzindo uma influência de enorme importância no estilo de construção dos castelos enquanto instalações de defesa.

Vestígios deixados pelo intercâmbio:

O intercâmbio entre os dois países trouxe novos vocábulos para ambas as línguas. Do português para o japonês, por exemplo, pan (pão), koppu (copo), botan (botão), tabako (tabaco), shabon (sabão), etc. e do japonês para o português, biombo (byoobu), catana (katana), etc..

Entretanto, na área da culinária, alguns novos pratos foram trazidos de Portugal para o Japão. Por exemplo, segundo alguns autores, um bolo japonês chamado “kasutera”, diz-se ter sido desenvolvido a partir do pão-de-ló português. Outro tipo de bolo japonês chamado “konpeitoo” também tem nitidamente a sua origem portuguesa, proveniente do “confeito”. Estes bolos ainda encontram-se no dia-a-dia dos japoneses. Até o prato japonês mundialmente conhecido nos dias de hoje, a “Tenpura”, também se diz encontrar a sua etimologia no termo religioso português “(Quatro) Têmporas”, indicando uma época antes da Páscoa em que é aconselhado comer pratos de peixe e legumes como o de “Tenpura”, assim evitando o consumo de carne.

Thursday, November 09, 2006

Lobo ibérico Canis lupus signatus

Canis lupus signatus

O lobo da Península Ibérica é uma subespécie do lobo cinzento (Canis lupus) e a sua população deve rondar entre 1600 e 1700 lobos; destes, 150 a 200 habitarão o nordeste transmontano. Um pouco mais pequeno e leve que as restantes subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico mede entre 131 e 178 cm de comprimento (machos) e 132 cm e 165 cm (fêmeas) e pesa, no caso dos machos, entre 20 e 41 kg (média 32 kg) e, no caso das fêmeas, entre 20 e 36 kg (média 28 kg). A pelagem é de coloração geral acinzentada, com a zona dorsal castanho-amarelada, mesclada de negro, particularmente sobre o dorso. A zona ventral é clara, de tom em geral branco amarelado. O branco da garganta prolonga-se nas faces. A cauda é acinzentada, com a ponta negra e tem ainda uma pequena mancha dorsal negra no seu terço superior. Apresenta manchas avermelhadas por detrás das orelhas e manchas mais claras no focinho e na garganta. Os membros dianteiros apresentam, na parte da frente, uma faixa longitudinal negra. Os olhos são oblíquos e cor de topázio. A mudança de pelagem de Inverno para a de Verão ocorre em Março/Abril e o fenómeno inverso em Outubro/Novembro.

Embora cace quase sempre sozinho, o lobo vive em alcateia. O número de animais em cada alcateia parece variar entre 3 a 5 indivíduos no fim do Inverno e entre 7 a 10 animais no Verão, após o nascimento dos filhotes - lobachos. Estas alcateias parecem ser compostas por dois animais reprodutores, por outros animais adultos e subadultos (descendentes ou não do par reprodutor) e pelos lobachos que nascem em cada ano.

As deslocações efectuam-se em geral durante a noite, período durante o qual os lobos são mais activos. Durante o ciclo de 24 horas, têm dois períodos de maior actividade, que coincidem com o anoitecer e o amanhecer.

A alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e dos vários tipos de pastoreio presentes em cada região. As principais presas selvagens do lobo são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra.

As suas tocas são buracos situados em zona de vegetação densa, debaixo de rochas, em grutas ou aproveitando e alargando tocas de raposa. As lobas parem uma ninhada por ano, após um período de gestação de cerca de 2 meses. As crias, entre 3 e 7 indivíduos, nascem com os olhos fechados e têm inicialmente necessidade constante dos cuidados maternais. Vivem um máximo de 15 anos

Durante o século XIX, os lobos eram numerosos em Portugal, estando presentes em praticamente todo o território nacional. Contudo, já no início do século XX era visível o seu declínio e apesar do actual estatuto de conservação do lobo, os estudos até agora realizados sugerem que a sua população continua a diminuir. Às causas históricas do seu declínio, como sejam a perseguição directa e a das suas presas selvagens pelo Homem, acrescem, nos últimos anos, as alterações de habitat (devido sobretudo à destruição da floresta) e a diminuição do número de cabeças de gado (devido ao abandono da pastorícia tradicional). A escassez de presas naturais, provocada pela excessiva pressão cinegética sobre os cervídeos e pela destruição do seu habitat, leva a que, de facto, os lobos por vezes ataquem os animais domésticos. No entanto, em áreas onde as presas naturais abundam, os prejuízos provocados pelo lobo no gado são quase inexistentes. Ao mesmo tempo, pensa-se que presentemente existam centenas de cães abandonados a vaguear pelo país, que competem com o lobo na procura de alimento e que com ele podem hibridar, sendo provavelmente responsáveis por muitos dos ataques a animais domésticos incorrectamente atribuídos ao lobo.

É provável que no território actualmente correspondente a Portugal Continental tivessem coexistido ursos e lobos. No entanto, aqueles possuem um instinto que os terá levado ao extermínio, os machos adultos matam as crias - inclusivamente as suas. Algo que contrasta claramente com a forma de ser dos lobos.

Quanto à domesticação dos lobos, que conduziu ao cão. Já ouvi duas teorias. A primeira é que os lobos acompanhavam os rebanhos à distância mantendo uma relação de cada vez maior proximidade com pastor. Servindo de guarda em troca de alimento.

A outra teoria diz que os homens apanharam os filhotes de lobos e assim os foram domesticando. Talvez a verdade seja um pouco da duas.

Quando dizemos às novas gerações para preservar este animal, devemos lembrá-las que estamos perante um património genético, sempre importante de preservar, pois não saberemos as necessidades futuras.

Por fim, o lobo não é mau, conforme se quis fazer crer durante muito tempo. Mas também não é bom, é um animal selvagem, apenas isso.

Wednesday, November 08, 2006

Búteo

Neste espaço dedicado essencialmente à nossa Lusitânia não quis deixar de falar de um dos animais que mais me fascina e que algumas vezes tive oporuinidade de observar de mais perto no Alvão e Marão. Estou a falar do Búteo ou Águia de Asa Redonda.
Mal comparando, poderemos ver numa Águia Imperial um cão de raça, escolhido e seeleccionado a dedo. Mas o Búteo é o cão rafeiro que se "desenrasca" sempre.
É um elemento indispensável na nossa paisagem serrana.

A informação taxonómica recolhia-a aqui:

  • Classe: Aves
  • Ordem: Falconiformes
  • Família: Accipitridae
  • Distribuição: Europa e Ásia, Norte e Leste de África
  • Habitat: Florestas e bosques, turfeiras e charnecas
  • Alimentação: Pequenos mamíferos
  • Período de incubação: 42 dias – 3 a 4 ovos
  • Peso: 525 a 1000g
  • Voo: Alto em círculos, plana
  • Estatuto: Comum
  • Curiosidades: As águias-de-asa-redonda são gregárias, formam pequenos grupos. Antes de acasalar o macho executa acrobacias e mergulhos espectaculares, onde entrega à fêmea, em pleno voo, materiais para a construção do ninho.

Monday, November 06, 2006

Alexandre Herculano


Alexandre Herculano nasceu em 1810 em Lisboa, oriundo de uma família modesta, o que não lhe permitiu concluir estudos universitários, tendo-se vindo a tornar um autodidata.

Aos 21 anos envolveu-se na revolta militar contra os absolutistas. Foi obrigado a exilar-se em Agosto de 1831 em França.

No ano seguinte participou na expedição liberalista à Ilha da Terceira como voluntário, e foi um dos 7500 homens de D. Pedro IV a desembarcar no Mindelo e posterior ocupação do Porto.Durante sete anos, foi diretor da "Panorama", revista de caráter artístico e cientifico na qual publicou varias de suas obras. tendo-se dedicado intensivamente à actividade de historiador, pesquisando os mais variados documentos por todo o país. Teceu conflitos ideológicos com o clero porque se negou a admitir como verdade histórica o chamado "milagre de Ourique" – segundo o qual Jesus Cristo aparecera ao rei D. Afonso Henriques naquela batalha.
Também se recusou a aceitar a ligação directa entre a Lusitânia e a formação de Portugal.

A Sua desilusão com a vida pública foi aumentando gradualmente, o que o fez recusar títulos e nomeações e ocupar-se da agricultura em sua propriedade em Vale de Lobos , próximo de Santarém. Mesmo retirado, gozou de grande prestigio até o fim da vida.

Obras principais
Contos e Novelas Históricos
O Alcaide de Santarém (retrata o domínio árabe na Península Ibérica)
Arras pro Forro da Espanha (retrata o reinado de D. Fernando)
A Morte do Lidador-
A dama Pé-de-Cabra (Retrata Reconquista e formação do Estado português)
O Bispo Negro (Retrata Reconquista e formação do Estado português)
O Castelo de Faria (retrata a Revolução de Avis)
A Abóbada (retrata o reindao de F. João I)

Romances Históricos
O bobo
Eurico, O Presbítero (Fala a respeito do fim do Império Godo na região que atualmente compreende a Espanha, diante da conquista dos mulçumanos que avançaram pela maior parte da península Ibérica)
O Monge de Cister
A Voz do Profeta
A Harpa do Crente
Poesias

E uma vasta Obra Historiográfica que inclui quatro volumes da História de Portugal: História da Origem e Estabelecimento a Inquisição em Portugal.

Thursday, November 02, 2006

Érico Veríssimo


Irei falar de um escritor que me tocou profun damente, seu nome Erico Verissimo (1905-1975).
É Natural de Cruz Alta, estado do Rio Grande do Sul. Escritor de estilo simples, excelente contador de histórias, considerado como uma das grandes expressões da moderna ficção brasileira.

Oriundo de um família tradicional, mas numa situação financeira bastante desfavorável, exerceu várias atividades profissionais: foi ajudante de comércio, bancário, ajudante de farmácia e desenhador na imprensa riograndense. Viveu nos Estados Unidos, onde foi professor de Literatura Brasileira. A sua temática é tipicamente brasileira e, mais que isso, regional, gaúcha - outra deignação para riograndense. A tentativa de recriação genealógica e social da história do Rio Grande do Sul atingiu seu zénite na trilogia "O Tempo e o Vento": "O Continente", "O Retrato" e "O Arquipélago". Esta trilogia apaixonou-me profundamente. Ainda hoje guardo como o romance que mais intensamente li - e, de certa forma, vivi.

Em "O Tempo e o Vento", Érico Verissimo reconstitui uma época de importância na cultura brasileira, a partir da formação do Rio Grande do Sul.

Esta obra divide-se em três partes, abarcando duzentos anos da história riograndense. Na primeira, cuja acção abrange o período entre 1745, a época das guerras de fronteiras e do estabelecimento das primeiras estâncias, e 1895, data da reestruturação da República no Rio Grande do Sul.

A primeira parte, denominada O Continente, narra a história das duas famílias, os Terra e os Cambará, e os acontecimentos que provocaram a formação da sociedade patriarcal riograndense.

Integram a primeira parte, além de outros, os capítulos "O Sobrado", "Ana Terra" e "Um Certo Capitão Rodrigo", e aparecem inúmeras personagens, entre as quais: Pedro Missioneiro, Ana Terra, Pedro Terra, Bibiana, Capitão Rodrigo, Bolívar, Licurgo, vivendo a tragédia da conscientização de uma terra fixada às próprias raízes.

Descrevendo alguma dessas personagens:

ANA TERRA
Personificação da mulher gaúcha. Representa a integração de um valor na consolidação do Rio Grande do Sul. Ana Terra é a mãe de Pedro Terra, fruto de seu amor por Pedro, o índio que a família abriga e que, posteriormente, é morto pelos irmãos de Ana Terra, numa tentativa de salvar a honra da família.

BIBIANA
Neta de Ana Terra, mulher do Caopitão Rodrigo Cambará. Como a avó, Bibiana é a mulher generosa, sólida, sofrida.

CAPITÃO RODRIGO
Uma das grandes personagens, representa o código de honra do gaúcho, mediante os atributos de coragem, impetuosidade, machismo, violência física e um relativo conceito de moral.

Falo por mim, mas quando li "O Tempo e o Vento", ou mais exactamente o "Continete" e vi estas personagens representadas, senti como se ali estivesse o Portugal profundo. O Portugal das suas gentes, dos seus valores, das suas vicissitudes, dos seus defeitos, das suas qualidades, das suas proezas.

Com toda a consideração que me merecem os escritores portugueses, como Eça de Queiroz ou Camilo, mas não consegui encontrar nestes a representação da tal mulher lusitana, do povo autêntico, como Ana Terra ou a sua neta.

Tuesday, October 24, 2006

Mapa cor-de-rosa e a Monarquia

O mapa Cor de Rosa representava o objectivo do Reino de Portugal de exercer a sua soberania sobre os teritórios sitos entre o que é hoje Angola (quase a sua totalidade) e Moçambique.

No entanto, esse território colidia com os interesses daGrã-Bretanha, o que conduziu ao ultimato britânico de 1890, a que o Portugal cedeu, causando sérios danos à imagem do governo monárquico português. Foi, claramente, algo a que as forças republicanas se agrarraam para descreditarem a Monarquia.

Não há dúvida que D. Carlos, ao ter cedido à exigência britânica, nos privou de uma página gloriosa na história. Um pequeno povo aguerrido ter-se-ia levantado bravamente contra a Grande Potência.

Naturalmente, que teríamos perdido a quase totalidade das posses africanas e, possivelmente, asiáticas. Teríamos ficado na bancarrota e com uns milhares de mortos e outros mais estropiados. Deveríamos ter feitos como aos Espanhóis que tão gloriosamente defrontarem os Americanos em Cuba para virem a perder as Filipinas. Assim, ficámos privados dessa tal página gloriosa.

É de referir a bravura republicana em que a letra do Hino terminava com "contra os Bretões, marchar, marchar". Mais tarde mudaram os "Bretões" para "Canhões". Teria sido brilhante a nossa infantaria contra os canhões (britânicos).

Tuesday, October 03, 2006

Política Canhoeira Britânica

Como é sabido os atentados que temos sofrido deve-se à política imperalista das outrora potências ocidentaias - e nesta caso vou destacar a britânica com um exemplo que fui buscar ao blog Res-Publica.

Aí é referida a falta de consideração dos britânicos pelas tradições autóctones, tal como proibir que as viúvas fossem queimadas durante os rituis fúnebres dos maridos.

Eis a resposta arrogante do então Governador da Índia Britânica Sir Charles Napier:

"You say that it is your custom to burn widows. Very well. We also have a custom: when men burn a woman alive, we tie a rope around their necks and we hang them. Build your funeral pyre; beside it, my carpenters will build a gallows. You may follow your custom. And then we will follow ours."

A tal política canhoeira que justifica muita coisa.

Wednesday, September 06, 2006

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca

Thursday, August 31, 2006

Amor é fogo que arde sem se ver


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Luís de Camões

Wednesday, August 30, 2006

Se o Filipe...


Tivesse feito de Lisboa a capital da Hispânia e recambiado a Santa (?...) Inquisição para de onde nunca deveria ter saído o curso da História teria sido diferente.
Mas a História é o que é e naquele caso é resultante da vitória da alta nobreza sobre a pequena nobreza e burguesia.
E ainda há quem goste de se alardear de de ser nobre, da minha parte sempre tive mais simpatia pela burguesia.
O burguês procura enriquecer através de soluções que benefeciem de alguma forma as partes, e o nobre...não há compromisso, há servidão.
Aliás, de onde provêem os nobres senão dos bárbaros?

Tuesday, July 18, 2006

E os Filipes

O domínio filipino é considerado por nós, na grande maioria, como um domínio estrangeiro e estrangulador. Mas será que foi mesmo assim?