Canis lupus signatus
O lobo da Península Ibérica é uma subespécie do lobo cinzento (Canis lupus) e a sua população deve rondar entre 1600 e 1700 lobos; destes, 150 a 200 habitarão o nordeste transmontano. Um pouco mais pequeno e leve que as restantes subespécies do lobo cinzento, o lobo ibérico mede entre 131 e 178 cm de comprimento (machos) e 132 cm e 165 cm (fêmeas) e pesa, no caso dos machos, entre 20 e 41 kg (média 32 kg) e, no caso das fêmeas, entre 20 e 36 kg (média 28 kg). A pelagem é de coloração geral acinzentada, com a zona dorsal castanho-amarelada, mesclada de negro, particularmente sobre o dorso. A zona ventral é clara, de tom em geral branco amarelado. O branco da garganta prolonga-se nas faces. A cauda é acinzentada, com a ponta negra e tem ainda uma pequena mancha dorsal negra no seu terço superior. Apresenta manchas avermelhadas por detrás das orelhas e manchas mais claras no focinho e na garganta. Os membros dianteiros apresentam, na parte da frente, uma faixa longitudinal negra. Os olhos são oblíquos e cor de topázio. A mudança de pelagem de Inverno para a de Verão ocorre em Março/Abril e o fenómeno inverso em Outubro/Novembro.
Embora cace quase sempre sozinho, o lobo vive em alcateia. O número de animais em cada alcateia parece variar entre 3 a 5 indivíduos no fim do Inverno e entre 7 a 10 animais no Verão, após o nascimento dos filhotes - lobachos. Estas alcateias parecem ser compostas por dois animais reprodutores, por outros animais adultos e subadultos (descendentes ou não do par reprodutor) e pelos lobachos que nascem em cada ano.
As deslocações efectuam-se em geral durante a noite, período durante o qual os lobos são mais activos. Durante o ciclo de 24 horas, têm dois períodos de maior actividade, que coincidem com o anoitecer e o amanhecer.
A alimentação é muito variada, dependendo da existência ou não de presas selvagens e dos vários tipos de pastoreio presentes em cada região. As principais presas selvagens do lobo são o javali, o corço e o veado, e as presas domésticas mais comuns são a ovelha, a cabra, o cavalo e a vaca. Ocasionalmente também mata e come cães e aproveita cadáveres que encontra.
As suas tocas são buracos situados em zona de vegetação densa, debaixo de rochas, em grutas ou aproveitando e alargando tocas de raposa. As lobas parem uma ninhada por ano, após um período de gestação de cerca de 2 meses. As crias, entre 3 e 7 indivíduos, nascem com os olhos fechados e têm inicialmente necessidade constante dos cuidados maternais. Vivem um máximo de 15 anos
Durante o século XIX, os lobos eram numerosos em Portugal, estando presentes em praticamente todo o território nacional. Contudo, já no início do século XX era visível o seu declínio e apesar do actual estatuto de conservação do lobo, os estudos até agora realizados sugerem que a sua população continua a diminuir. Às causas históricas do seu declínio, como sejam a perseguição directa e a das suas presas selvagens pelo Homem, acrescem, nos últimos anos, as alterações de habitat (devido sobretudo à destruição da floresta) e a diminuição do número de cabeças de gado (devido ao abandono da pastorícia tradicional). A escassez de presas naturais, provocada pela excessiva pressão cinegética sobre os cervídeos e pela destruição do seu habitat, leva a que, de facto, os lobos por vezes ataquem os animais domésticos. No entanto, em áreas onde as presas naturais abundam, os prejuízos provocados pelo lobo no gado são quase inexistentes. Ao mesmo tempo, pensa-se que presentemente existam centenas de cães abandonados a vaguear pelo país, que competem com o lobo na procura de alimento e que com ele podem hibridar, sendo provavelmente responsáveis por muitos dos ataques a animais domésticos incorrectamente atribuídos ao lobo.
É provável que no território actualmente correspondente a Portugal Continental tivessem coexistido ursos e lobos. No entanto, aqueles possuem um instinto que os terá levado ao extermínio, os machos adultos matam as crias - inclusivamente as suas. Algo que contrasta claramente com a forma de ser dos lobos.
Quanto à domesticação dos lobos, que conduziu ao cão. Já ouvi duas teorias. A primeira é que os lobos acompanhavam os rebanhos à distância mantendo uma relação de cada vez maior proximidade com pastor. Servindo de guarda em troca de alimento.
A outra teoria diz que os homens apanharam os filhotes de lobos e assim os foram domesticando. Talvez a verdade seja um pouco da duas.
Quando dizemos às novas gerações para preservar este animal, devemos lembrá-las que estamos perante um património genético, sempre importante de preservar, pois não saberemos as necessidades futuras.
Por fim, o lobo não é mau, conforme se quis fazer crer durante muito tempo. Mas também não é bom, é um animal selvagem, apenas isso.
8 comments:
obrigado muito muito vindo a meu blog João caro.
Faisal
Excelente descricao, e apologia em defeza do lobo iberico.
bom fim de semana.
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agradeço toda esta informação
trabalho excelente
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Abraço e bom fim-de-semana
Gosto de ver defender a natureza! E ainda mais a pessoa humana...
Obrigado pela visita!
Bom fim de semana
Parece-me, João, que Canis lupus só não está em declínio ali para os lados do Terreiro do Paço. Talvez excesso de presas.
Boa descrição do lobo ibérico.
João, obrigado pela visita e pelas palavras que lá deixou.
Vou também ligar-me aqui.
Um abraço,
Carlos Ponte
PS: achei uma certa graça ao local onde fui parar: blogues históricos. Nunca me teria passado pela cabeça.
Viver em alcateia é fixe.
João, passe pelo meu blog que deixei lá um convite para si!
Está à vontade para recusar, claro!
Um abraço,
Carlos Ponte
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