Thursday, November 02, 2006

Érico Veríssimo


Irei falar de um escritor que me tocou profun damente, seu nome Erico Verissimo (1905-1975).
É Natural de Cruz Alta, estado do Rio Grande do Sul. Escritor de estilo simples, excelente contador de histórias, considerado como uma das grandes expressões da moderna ficção brasileira.

Oriundo de um família tradicional, mas numa situação financeira bastante desfavorável, exerceu várias atividades profissionais: foi ajudante de comércio, bancário, ajudante de farmácia e desenhador na imprensa riograndense. Viveu nos Estados Unidos, onde foi professor de Literatura Brasileira. A sua temática é tipicamente brasileira e, mais que isso, regional, gaúcha - outra deignação para riograndense. A tentativa de recriação genealógica e social da história do Rio Grande do Sul atingiu seu zénite na trilogia "O Tempo e o Vento": "O Continente", "O Retrato" e "O Arquipélago". Esta trilogia apaixonou-me profundamente. Ainda hoje guardo como o romance que mais intensamente li - e, de certa forma, vivi.

Em "O Tempo e o Vento", Érico Verissimo reconstitui uma época de importância na cultura brasileira, a partir da formação do Rio Grande do Sul.

Esta obra divide-se em três partes, abarcando duzentos anos da história riograndense. Na primeira, cuja acção abrange o período entre 1745, a época das guerras de fronteiras e do estabelecimento das primeiras estâncias, e 1895, data da reestruturação da República no Rio Grande do Sul.

A primeira parte, denominada O Continente, narra a história das duas famílias, os Terra e os Cambará, e os acontecimentos que provocaram a formação da sociedade patriarcal riograndense.

Integram a primeira parte, além de outros, os capítulos "O Sobrado", "Ana Terra" e "Um Certo Capitão Rodrigo", e aparecem inúmeras personagens, entre as quais: Pedro Missioneiro, Ana Terra, Pedro Terra, Bibiana, Capitão Rodrigo, Bolívar, Licurgo, vivendo a tragédia da conscientização de uma terra fixada às próprias raízes.

Descrevendo alguma dessas personagens:

ANA TERRA
Personificação da mulher gaúcha. Representa a integração de um valor na consolidação do Rio Grande do Sul. Ana Terra é a mãe de Pedro Terra, fruto de seu amor por Pedro, o índio que a família abriga e que, posteriormente, é morto pelos irmãos de Ana Terra, numa tentativa de salvar a honra da família.

BIBIANA
Neta de Ana Terra, mulher do Caopitão Rodrigo Cambará. Como a avó, Bibiana é a mulher generosa, sólida, sofrida.

CAPITÃO RODRIGO
Uma das grandes personagens, representa o código de honra do gaúcho, mediante os atributos de coragem, impetuosidade, machismo, violência física e um relativo conceito de moral.

Falo por mim, mas quando li "O Tempo e o Vento", ou mais exactamente o "Continete" e vi estas personagens representadas, senti como se ali estivesse o Portugal profundo. O Portugal das suas gentes, dos seus valores, das suas vicissitudes, dos seus defeitos, das suas qualidades, das suas proezas.

Com toda a consideração que me merecem os escritores portugueses, como Eça de Queiroz ou Camilo, mas não consegui encontrar nestes a representação da tal mulher lusitana, do povo autêntico, como Ana Terra ou a sua neta.

2 comments:

a d´almeida nunes said...

O Grande Eça de Queirós!
Sem desprimor para outros grandes autores da língua portuguesa! Não admirará que eu me possa referir a Eça com alguma intimidade; sabe o João que vivi durante muitos anos, precisamente no andar da casa do Largo da Sé, em Leiria, por cima da "botica do Carlos", onde se faziam aquelas cavaqueiras, reuniões de chá e pastelinhos, a que se refere o grande Eça no seu célebre "O Crime do Padre Amaro"? Essa casa é da família (por parte de minha mulher).
Veio isto a propósito de Erico Veríssimo e do livro que tanto o entusiasma. Então e não é que, vergonha a minha, não li esse livro? Mas este seu post aguçou-me a curiosidade. Vou à procura desse livro. Tenho até a impressão que o tenho na minha biblioteca, vou verificar.
Um grande abraço caro amigo.
Vim aqui ter através do tsfm.
antonio dispersamente

João Moutinho said...

ASN,
Deixe-me só adverti-lo que está a ler um texto de um singelo mortal.